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Nos últimos anos, o turismo internacional tem continuado a crescer. Embora, claro está, isto possa ter um impacto positivo para o desenvolvimento económico de uma região, também pode ter efeitos negativos para o ambiente e para as comunidades locais. Isto é especialmente relevante no caso de locais turísticos excessivamente visitados: os ambientes e ecossistemas podem ser danificados, o património degradado e a qualidade de vida dos habitantes locais afetada.
Para estes destinos, obter uma melhor distribuição do tráfego de turistas pela área e pelo ano tem sido um enorme desafio. De Veneza a Amesterdão, passando pelos Calanques de Marselha, segue-se um breve resumo das várias medidas adotadas por diferentes locais para lidar com o excesso de visitantes nos sítios turísticos.
Que soluções foram postas em prática para combater o excesso de turismo?
Algumas regiões já não se preocupam em desenvolver o turismo, e sim em limitá-lo. Seguem-se 8 ideias ousadas implementadas por vários destinos de todo o mundo para combater o excesso de turismo.
1. Cobrar aos turistas para visitar um destino: a introdução de taxas
Veneza é o exemplo ideal de um destino que sofre com o excesso de turismo. A ameaça à cidade e à sua lagoa é tão grande, que a UNESCO recomendou que este destino fosse listado como Património Mundial em perigo. Após a introdução de um sistema de gestão do fluxo de visitantes, esta recomendação ainda não foi implementada.
A partir deste ano, Veneza irá cobrar aos turistas 5 euros por uma visita de um dia. É a primeira cidade do mundo a cobrar uma taxa de entrada, como um museu ou um parque. Esta taxa alia-se a outras medidas já implementadas pela cidade, como uma quota de acesso à Praça de São Marcos durante o Carnaval e a proibição de navios de cruzeiro de dimensões elevadas.
2. Introdução de quotas para turistas e reservas obrigatórias
Muitos locais turísticos foram negativamente afetados pelo turismo de massas. Para minimizar a deterioração, cada vez mais destinos estão a limitar o número de visitantes a locais naturais e de património.
Um dos exemplos mais conhecidos é o Machu Picchu que, ao estar ameaçado pela erosão, está agora limitado a 2500 visitantes por dia. Além disso, os turistas são obrigados a reservar um horário para a visita, têm um limite de quatro horas no local e devem ser acompanhados por um guia licenciado.
Em França, vários destinos já adotaram este método. Um exemplo é o Parque Nacional dos Calanques de Marselha, que, desde 2022, exige uma reserva para aceder ao Calanque de Sugiton, que também se encontra em risco de erosão. Agora, o acesso é limitado a apenas 400 pessoas por dia no verão. Além disso, desde o verão de 2021, a ilha de Porquerolles na região do Var (entre muitas outras) introduziu um limite de 6000 visitantes por dia
Os museus mais populares já têm quotas turísticas e reservas obrigatórias para visitas - e se isto também se tornasse normal para locais naturais e de património?
3. “Demarketing”: campanhas publicitárias dissuasivas
No que diz respeito ao turismo, o demarketing é um conceito desenhado para desencorajar os visitantes de acederem, temporária ou permanentemente, a um local saturado. Existem várias estratégias de demarketing. O destino pode optar por parar completamente o marketing, tal como é o caso dos Países Baixos, que se concentram agora em gerir a entrada de turistas, e não na promoção.
Alguns destinos, como Amesterdão, optaram por fazer um marketing diferente, ao promover rotas alternativas para aliviar a congestão de alguns locais e tentar atrair um tipo diferente de viajante, mais adepto(a) do “slow travel”.
Por fim, os destinos também podem optar por transmitir mensagens dissuasivas. Marselha, por exemplo, optou por contrariar a imagem idílica dos Calanques no verão e apresentar a realidade no seu website, onde se lêem frases como “acesso difícil, pequeno e cheio de gente no verão”.
4. Regulamentação dos alugueres a curto prazo
Esta é outra iniciativa para evitar o turismo de massas, desta vez tendo como alvo os alojamentos turísticos, especialmente alugueres a curto prazo. Pensemos, por exemplo, em Dubrovnik. Durante vários anos, esta cidade foi invadida por fãs da série “Game of Thrones”. Agora, a cidade está a apostar num turismo equilibrado. Entre as medidas postas em prática, a cidade quer regular os alugueres sazonais (como o Airbnb) ao banir todas as novas autorizações para alugueres na cidade velha.
Nova Iorque também é uma das cidades que lutam contra os alugueres de curto prazo, impondo condições drásticas a quem aluga alojamentos durante menos de 30 dias. Estas iniciativas contribuem para diminuir os problemas e proteger os ativos imobiliários da cidade.
No que diz respeito ao alojamento, Amesterdão e Barcelona também tomaram medidas excecionais e anunciaram que vão impedir a construção de novos hotéis.
5. Restrições a navios de cruzeiro
Entre o turismo de massas e o desastre ambiental, os cruzeiros deixaram de ser divertidos. De modo a combater a poluição associada aos navios de cruzeiro e a invasão de passageiros dos cruzeiros às ruas, cada vez mais destinos estão a decidir limitar o número de navios autorizados a atracar nas suas águas.
Por exemplo, a popular ilha de Maiorca em Espanha limita as chegadas às suas praias a três navios, incluindo apenas um “mega liner”. Desde 2019, Dubrovnik também limita as chegadas por via marítima a dois navios de cruzeiro por dia, com um máximo de 4000 passageiros cada. Já Amesterdão e Veneza decidiram simplesmente banir os navios de cruzeiro das suas águas.
6. Restringir o tamanho dos grupos de turistas
Entre as várias soluções que estão a ser testadas para combater o excesso de turismo, alguns destinos estão a abordar a questão das viagens em grupo, que causam problemas e levam a um excesso de concentração de turistas no mesmo local.
É o caso de Veneza e de San Sebastian, no País Vasco, em Espanha; ambas as cidades decidiram limitar o tamanho dos grupos a 25 pessoas e ainda banir o uso de megafones por guias turísticos.
7. Promover viagens em época baixa
Alguns destinos estão a tentar distribuir a chegada de turistas ao longo do ano, de modo a evitar o excesso de turismo no verão. Este é o caso da Rede dos Grandes Sítios de França, que inclui locais como a Duna do Pilat, o Monte de Saint-Michel e os penhascos de Étretat: esta rede está a apostar no turismo em época baixa ao fazer marketing de experiências fora do período de verão. Cada vez mais destinos estão a lançar campanhas publicitárias para promover as viagens em época baixa como uma experiência mais autêntica, respeitadora e tranquila.
8. Iniciativas para promover a vida local
Alguns destinos estão também a adotar medidas mais pequenas para combater o excesso de concentração de turistas e permitir aos habitantes locais voltar a ganhar alguma da sua qualidade de vida. Barcelona, por exemplo, removeu uma rota de autocarro popular do Google Maps. Inicialmente, esta rota foi desenhada para os habitantes locais, mas estava a ser ocupada por turistas que pretendiam visitar o Parque Güell.
Outra iniciativa surpreendente vem de Portofino, uma pequena aldeia italiana com apenas 400 habitantes que se encontra frequentemente sobrecarregada pelo fluxo de turistas. A partir de 2023, um decreto proíbe os visitantes de caminharem em “zonas vermelhas” e impõe uma multa elevada para qualquer pessoa que desrespeite as zonas. O objetivo é impedir os turistas de permanecerem nas zonas para tirar selfies.
Viajar de forma diferente: o papel dos viajantes na luta contra o excesso de turismo
Então, enquanto viajante, como pode agir contra o turismo de massas? Existem várias práticas no chamado “turismo responsável”, que propõe uma abordagem eco-responsável às viagens. Entre as várias iniciativas disponíveis, pode optar por formas de alojamento mais responsáveis, como a troca de casas.
As trocas de casas não só evitam o excesso de concentração em áreas turísticas, ao encorajar os viajantes a visitarem sítios menos populares, evitam contribuir para o excesso de construção de hotéis e ainda promovem um turismo mais justo e mais “lento”.
Fazer uma troca de casasComo viajante responsável, também pode optar por viajar em época baixa. Não só estará a evitar contribuir para o excesso de visitas a determinados locais, como também terá acesso a muitas vantagens, como preços mais baixos, contacto mais fácil com os habitantes locais, menos multidões, e muito mais.
Na medida do possível, evite locais demasiado representados nos meios de comunicação ou nas redes sociais. É uma boa ideia não colocar a localização nas suas fotografias ao partilhá-las nas redes sociais, para proteger os locais do excesso de turismo.
Por fim, tenha sempre em conta o princípio de “não deixar vestígios” para limitar o seu impacto, especialmente ao visitar locais naturais. Por exemplo, não deixar lixo, respeitar a vida selvagem (manter-se longe dos animais e não arrancar a flora), respeitar os trilhos marcados, etc.
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Referências
¹ Números da World Tourism Organization
² UNWTO e ITF - Emissões de CO2 relacionadas com o transporte no setor do turismo, 2019
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