7 ideias para promover a biodiversidade no seu jardim ou varanda

Os factos são inegáveis: a biodiversidade está a diminuir a um ritmo nunca antes visto. A pressão sobre a biodiversidade é significativa, sendo que 30%* dos impactos negativos são causados pela destruição e artificialização dos ambientes naturais.

Mas, para combater o colapso da biodiversidade, todos podemos contribuir à nossa maneira, ao tentar proteger a fauna e flora locais. E as boas notícias são que não precisa de ter terrenos com vários hectares para fazer a diferença. Uma simples varanda ou um pequeno jardim urbano podem transformar-se em verdadeiros refúgios para a biodiversidade... se forem concebidos de forma adequada.

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Neste artigo, descubra como transformar os seus pequenos espaços verdes em abrigos para insetos, pássaros e plantas locais.

Porque é importante agir em prol da biodiversidade, até em casa?

A biodiversidade está em perigo. O desaparecimento de insetos polinizadores, a escassez de pássaros e a padronização de espécies de plantas são motivos para preocupação. Especialmente porque os estilos de vida de todos nós são diretamente ameaçados pela degradação da biodiversidade, em particular devido ao desaparecimento de 35%* das espécies polinizadoras que servem como comida para humanos, como frutas, vegetais, leguminosas e colheitas, que podem ser transformadas em óleos.

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Sabia que a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) monitoriza o estado da biodiversidade no mundo, com uma lista vermelha global de espécies ameaçadas? Em 2022, 28% das espécies estudadas para esta lista foram classificadas como ameaçadas, incluindo 41% dos anfíbios, 13% dos pássaros, 27% dos mamíferos e 34% das coníferas.

Assim sendo, é urgente agir, começando dentro da nossa casa! Agir à nossa escala significa criar “microhabitats” favoráveis para espécies locais. E se isto parecer pouco, imagine a superfície total de todos os jardins, varandas e terraços da sua região: as pequenas ações podem fazer a diferença.

1. Escolher plantas locais e produtoras de néctar

Adaptadas à sua região (clima, estações do ano…), as espécies locais são muito mais resilientes do que as espécies exóticas. Também exigem menos rega, menos cuidado e menos fertilização. Além disto, a vida selvagem está habituada às plantas locais: os animais sempre encontraram abrigo e comida neste ambiente.

Quer seja num jardim ou numa varanda:

  • Opte pelas plantas nativas, ou seja, as que estão naturalmente presentes na sua região, pois estão mais adaptadas ao clima e às necessidades dos insetos locais.
  • Opte por plantas produtoras de néctar que também sejam ricas em pólen, pois proporcionam muito alimento para os polinizadores: lavanda, phacelia, borragem, viburnum tinus, etc.
  • Concentre-se na diversidade (várias famílias e espécies de plantas) para distribuir o florescimento ao longo da estação do ano e para que os insetos possam recorrer às mesmas de forma contínua.
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Objetivo >> alimentar insetos polinizadores, essenciais para o equilíbrio da natureza e para a produção da nossa comida.

2. Diversificar os habitats naturais no seu jardim

Se tiver um jardim na sua casa, pode transformá-lo num verdadeiro refúgio para a biodiversidade. Para ser um sucesso, é essencial diversificar habitats. Desta forma, os pássaros, insetos, anfíbios, plantas e muitos outros vão encontrar um espaço adequado para assentar e prosperar.

Podem ser criados todos os tipos de habitats. Alguns são muito fáceis de instalar, outros requerem um pouco mais de esforço. Vamos resumir!

Habitats fáceis de criar

Nem sempre é necessário transformar o seu jardim por completo. Com apenas algumas ações simples, pode criar ambientes ricos e variados.

Por exemplo:

  • Deixe uma pilha de madeira num canto durante vários anos (provavelmente vai tornar-se num refúgio para ouriços, entre outros).
  • Recolha folhas secas em pequenos montes, para proporcionar abrigo e comida a insetos e pequenos animais.
  • Coloque vasos partidos ao contrário para receber lagartos.
  • Empilhe pedras de forma natural, sem ser demasiado organizado.
  • Deixe um tronco de uma árvore num canto tranquilo do jardim.
  • Crie uma pequena zona com areia, etc.

Lagos

Um lago é um dos habitats mais ricos em biodiversidade, pois os sapos, salamandras, libélulas e outras espécies rapidamente prosperam neste ambiente. Se puder (e se tiver espaço e motivação para tal), não hesite em criar um pequeno lago numa área solarenga do seu jardim.

Mas, antes de começar, existem vários aspetos a considerar:

  • Dimensões.
  • Escolha dos materiais de impermeabilização.
  • Plantas a favorecer (evitar espécies exóticas).
  • Fauna e flora adequadas (esqueça os peixinhos-dourados; são predadores omnívoros que têm impacto para a biodiversidade).
  • As manutenções regulares que esta área vai exigir.

Composto

Relativamente simples de configurar, o composto é um excelente aliado. Recicla os resíduos orgânicos, produzindo fertilizante natural de excelente qualidade, e cria um ótimo ecossistema. Se for bem desenhado, um armazenamento de composto é um abrigo para muita biodiversidade: microrganismos, fungos, minhocas, lesmas, etc.

Estas pequenas criaturas têm um papel essencial: transformam os resíduos em composto e, quando chegam ao jardim, contribuem para a ventilação do solo e para promover o crescimento de plantas.

Sebes

Uma sebe é um refúgio ideal, especialmente para pássaros. A melhor solução é uma sebe campestre, com um misto de várias espécies locais de árvores e arbustos, como ácer, choupo ou frangula alnus.

Também pode incluir espécies perenes nativas para o inverno, como heras, azevinho, teixo e faia. É boa ideia adicionar plantas produtoras de bagas e frutos para as espécies selvagens: espinheiros, rosa selvagem, sabugueiro, groselha, etc.

3. Criar abrigos para a vida selvagem

Muitas vezes, criar um refúgio é apenas uma questão de configuração. Estes abrigos são maioritariamente locais de descanso e reprodução. Pode instalá-los no seu jardim ou varanda:

  • Insetos: instale um hotel para insetos. Pode construí-lo com madeira, troncos vazios, pinhas, etc.
  • Pássaros: crie uma caixa de nidificação para espécies locais (chapins, piscos...) e um pequeno repositório de água (que deve mudar a cada 2 dias, para evitar mosquitos).
  • Ouriços e anfíbios (apenas em jardins): deixe um pequeno canto por tratar, com folhas mortas, uma pilha de madeira ou pedras.
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É bom saber: tenha em mente que os animais precisam de abrigo, mas também de comida. Por exemplo, instalar um hotel para insetos num relvado cuidadosamente aparado reduz significativamente a eficácia da sua iniciativa.

4. Zero pesticidas, zero fertilizantes químicos

Inseticidas, moluscicidas, herbicidas… Estes químicos têm como objetivo evitar “pragas”. Mas, até a uma pequena escala, têm um impacto direto para o ambiente e ameaçam a biodiversidade, especialmente se não forem seletivos.

Algumas dicas para substituí-los:

  • A prevenção é a melhor solução. Ao apoiar a biodiversidade no seu jardim, está a criar um ambiente rico que atrai predadores naturais, para regular as pragas. Por exemplo, os ouriços são eficazes contra lesmas, as joaninhas contra os afídeos, etc. A biodiversidade contribui para evitar os pesticidas!
  • Opte por fertilizantes naturais (composto, polpa de urtiga e borras de café são eficazes).
  • Aprenda a coexistir com algumas espécies “invasivas” ou utilize plantas de companhia para limitar pragas (por exemplo, plante erva-doce perto de alface para protegê-la de lesmas, a lavanda protege as rosas de afídeos, etc.)
  • Se o seu jardim ou varanda já tiver sido invadido, opte por soluções ecológicas. Quer esteja a lidar com roedores, lesmas, doenças ou outros desafios, existem várias soluções naturais.

Isto também se aplica a plantas e flores nas suas varandas!

5. Guarde espaço para um “caos organizado”

Não se preocupe: apoiar a biodiversidade não significa deixar o seu terreno totalmente selvagem. Contudo, nem tudo precisa de ser aparado e cortado: é possível deixar a natureza dominar em certas zonas do jardim ou em certas alturas.

A ideia é criar uma “zona selvagem”. Até mesmo um metro quadrado de relva alta é suficiente para receber borboletas e gafanhotos. Deixe as plantas selvagens crescer de forma espontânea (dentes-de-leão, trevos, urtigas…), sem aparar e sem usar químicos.

Também é aconselhável tolerar alguns “indesejáveis”, sejam pequenas criaturas ou ervas. A presença deles é importante, porque fazem parte da cadeia alimentar de algumas espécies úteis do jardim. Desde que não se tornem invasivos, estes “indesejáveis” são bem-vindos!

6. Faça a gestão da água de forma ecológica

Se tem um jardim, já sabe que pode gastar muita água. Felizmente, existem várias formas de poupar água:

  • Limite a rega quando chover regularmente.
  • Recolha água da chuva e até água que utilizou para cozinhar.
  • Não regue durante o dia, para evitar a evaporação. Opte por regar de manhã ou à noite.
  • Dê preferência a plantas resistentes à seca: sedum, santolina, alecrim, etc.
  • Para as plantas da varanda, coloque um prato debaixo dos vasos para recolher o excesso de água e evitar o desperdício.

7. Pense de forma conjunta com os seus vizinhos

A união faz a força! Em cidades, onde os espaços verdes são limitados, é ideal colaborar com os vizinhos para ter um impacto real na preservação da biodiversidade. Uma varanda “verde” é ótima, mas várias varandas conectadas são ainda melhores! Por isso, não hesite em falar com os vizinhos sobre estas pequenas ações que todos podem implementar.

Estão a ser criados cada vez mais jardins comunitários ou hortas partilhadas: considere participar nesta aventura!

Testemunhos dos nossos membros

Os nossos membros sabem o que fazem. Aqui estão alguns testemunhos:

“Temos um alimentador e uma casa para pássaros no pátio do nosso edifício e no jardim do bairro.” – Elisabeth

“Já há muito tempo que tenho uma pequena área de relva por cortar, construí uma casa para pássaros que é utilizada todos os anos por alguns chapins-carvoeiros, e só aparo a sebe no fim de agosto. Até tenho um hotel para joaninhas, mas elas não gostam.” – Aurélie

Quer esteja na cidade ou no campo, pode fazer parte da transição ecológica, a partir de hoje, na sua casa. Está a postos para entrar na aventura?


Fonte: biodiversité.gouv.fr